ESCULTORA  Ana Carvalho


ESCULTURA - TEXTO



Em criança era viciada em televisão e livros de aventura. Imaginava-me nas complicadas situações em que os heróis se envolviam e pensava em soluções ou modos de actuar se algum dia me acontecesse o mesmo.

E se houvesse uma guerra?...e se fosse dar a uma ilha deserta?...se precisasse de explicar a minha civilização a uma cultura alienígena?...E se a civilização tecnológica de repente falisse?...

Estes pensamentos levaram-me a querer dominar tecnologias elementares, a aprender a desenvencilhar-me sozinha.

As preocupações que eu tinha com a auto-suficiência despertaram-me a vontade de saber fazer coisas e ainda hoje a aprendizagem do saber fazer constitui uma das engrenagens que move o meu trabalho de escultora.

Outra característica relacionada com a auto-suficiência é a capacidade de fazer algo com o que se tem à disposição. A aplicação deste principio tem acompanhado desde sempre o meu trabalho.

Ao longo dos anos tenho tido várias oficinas. Esta instabilidade geográfica e a respectiva condicionante dos vários espaços que tenho habitado reflecte-se no meu trabalho.

Tive oficinas em que podia fazer barulho e “estragar” o espaço à vontade, nessas predominou o trabalho em ferro. Noutras podia sujar mas não estragar e então desenvolvi os conhecimentos em gesso e betão a par da modelação em barro. Naquelas em que o espaço era pouco, desenvolvi trabalhos mais pequenos e pormenorizados e estudei materiais de modelação alternativos mais apropriados ao pequeno formato.

Sempre encarei os condicionantes físicos do espaço oficinal como desafios a modos de fazer e pensar diferentes e não como limitações intransponíveis.

 


Dentro do vasto campo que é Escultura tenho atitudes e modos de fazer diferentes de acordo com vários tipos de situação.

Escultura em ferro

Quando trabalho com ferro (o meu material de eleição) tenho geralmente como ponto de partida as estruturas ósseas.

Aprecio os esqueletos como esculturas da natureza, composições de formas maciças e delicadas que se conjugam em harmonia.

A partir das imagens fotográficas de um esqueleto utilizo o desenho como ferramenta para a compreensão e interiorização das formas, em seguida utilizando o ferro e a sua linguagem reconstruo as estruturas. O ferro trabalhado permite mimetizar a aparente fragilidade das estruturas naturais.

 

Estudos e Impressões

Tenho trabalhos que são estudos e registos de impressões. O equivalente em três dimensões aos esquissos num caderno.

 Geralmente faço estes trabalhos em barro e quando gosto do resultado passo à fase seguinte do gesso e do bronze ou do betão. Quando não gosto, coloco o barro no caixote para reciclar.

 

Encomendas

Quando trabalho em encomendas acordo com o cliente os temas e materiais e geralmente utilizo o desenho para registar ideias e apresentar a proposta final.

Tento sempre manter o trabalho de escultura o mais próximo possível do desenho final de modo a honrar as expectativas do cliente.

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